Bióloga e política angolana filiada ao partido MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e actual Vice-Presidente da República de Angola, mandato iniciado a 15 de Setembro de 2022, após tomada de posse, na Praça da República, Luanda. Entra nos anais da história da política angolana ao ser a primeira mulher eleita ao cargo de Vice-Presidente da República, Órgão Auxiliar do Titular do Poder Executivo. Segunda na lista do Partido MPLA às Eleições Gerais de 2022, encabeçada pelo Presidente João Lourenço, foi eleita Vice-Presidente da República para o mandato 2022-2027, na sequência da vitória do MPLA nas eleições de 24 de Agosto com 51,17% dos votos.
Esperança da Costa nasceu e cresceu no seio de uma família com bases profundamente enraizadas no catolicismo e nos altos valores do patriotismo, solidariedade e amor ao próximo.
O pai, Eduardo Francisco, técnico de máquinas da fábrica Textang, onde conheceu a mãe, Maria Ventura, costureira da camisaria da mesma fábrica, é natural do Nzeto, Zaire. Viera para Luanda aos 14 anos com um familiar. Já não voltou! Ficou por Luanda. Conheceu Maria Ventura, natural do Rangel, Zona da Dona Malia (Luanda).
Mais tarde, conheceu Maria Ventura. Eduardo Francisco e Maria Ventura juntaram-se com a sagrada intenção de constituir família. Elegeram o Bairro Indígena para morar, local onde nasceria, bem no início da década de 60, Esperança Maria Eduardo Francisco da Costa, 4ª filha de um conjunto de 6 (seis) irmãos, Inocência Vaz, Eugénio Amado, Maria da Conceição (Didi), Luzia (Lálá), Maria Eduarda (Novita). Todos os cinco (5) nasceram, igualmente, no Rangel, Bairro Indígena, hoje, Nelito Soares. Cresceu num ambiente em que estórias, pequenas glórias e batalhas vencidas eram partilhadas pelos pais e irmãos mais velhos, servindo de incentivo para todos os membros da família.
A jornada escolar iniciou, em 1967, aos 6 (seis) anos, com a entrada na Escola 227, Bairro Popular, onde permaneceu até a 4ª Classe. A partir da 4ª fez o ensino preparatório, na Escola General Geraldo Victor (Vila Alice), próximo da antiga Macambira e imediações da Igreja de São Domingos. Mais tarde, terminaria, em 1977, o Liceu Feminino Dona Guiomar de Lencastre, actual Nzinga Mbande.
Dos tempos de escola, tem nítidas lembranças de várias amigas, apesar muitas delas se encontrarem a viver fora de Angola. Até 1977, no liceu, fez amigas para a vida. No virar de 1978, vai para a Faculdade de Ciências (PUNIV), onde tem o primeiro contacto com a Biologia, numa altura em que o PUNIV estava anexado à Faculdade de Ciências (Marginal de Luanda). Embora nutrisse indisfarçável preferência pela medicina, prevaleceu a forte influência dos irmãos mais velhos, que pendia unanimemente para Biologia, por lhe terem notado uma inclinação natural na lida com os animais domésticos (cães, patos e galinhas) e plantas.
No pós-Independência se instalara, no país, aparentes tempos de incerteza. Insignes professores deixaram o território nacional. Ficaram alguns, que estoicamente asseguraram a manutenção curricular da Faculdade de Ciências, designadamente dos cursos de Biologia, Química, Geologia e Física.
Com a saída gradual de professores estrangeiros, o Governo apostou em quadros angolanos, naquela altura, e identificou os melhores estudantes para suprir a lacuna, integrando o quadro docente. Foi uma das escolhidas. Tinha bacharelato concluído. Ingressou no quadro docente do Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências, no declinar de 1982. Entrou como monitora. Abraçou o desafio, mas com uma condição: ser professora na especialidade de Botânica.
Caminhou lado a lado com colegas do antigo Centro Nacional de Investigação Científica (CNIC), em Luanda, onde estava instalada a parte de Botânica e um Herbário, património da biodiversidade, e que retrata o coberto vegetal de Angola. Na jornada pela docência teve sempre o suporte de mentores como a saudosa Dra. Ana Lúcia Guerra Marques, professora de Zoologia (Biologia de animais), conhecida pelo lado exigente e competente, tal como grande parte dos professores da Faculdade de Ciências, nomeadamente Maria José do Amaral, então Chefe de Departamento de Biologia a quem viria a substituir, em 1985. Pertence ao segundo grupo de biólogos da pós-Independência, formado nos anos 1984-85.
É convidada a ingressar o quadro docente da Faculdade. No quarto ano do curso de biologia, surge uma oportunidade de estágio de oito (8) meses no Centro de Botânica do Instituto de Investigação Cientifica Tropical (Lisboa) da Junta de Investigação Cientifica de Ultramar, na sequência do qual elabora uma monografia sobre espécies de plantas alimentares e ornamentais de Angola. Após o estágio, regressa a Luanda para defender a tese perante um júri e, de seguida, é convidada para chefiar o Departamento de Biologia, em 1985. Antes, havia sido monitora, chefe de secção e chefe de departamento. Tinha 24 anos.
Foi com este espírito que regressa à Portugal com o propósito de fazer o mestrado na Universidade Técnica de Lisboa, em 1990, fruto do amplo Programa de Formação de Quadros Especializados que o MPLA e o País empreendeu. Fez a parte curricular do mestrado, sempre orientada pelo insigne Professor Catedrático Ilídio Moreira, da Universidade Técnica de Lisboa/Instituto Superior de Agronomia. A dissertação foi em Produtividade Vegetal – estudo de matérias ligadas à produção das culturas vegetais e análise das variáveis de como obter grande produtividade, bem como de toda a parte relacionada à ecologia – área em que verteu assinalável dedicação, tendo resultado em importantes obras de sua autoria.
Diante dos excelentes resultados obtidos na parte curricular do Mestrado e a desenvoltura no quesito investigação e pesquisa associada à novidade, o orientador, Professor Ilídio Moreira, sugeriu a sua inscrição no Doutoramento em Fitoecologia – estudo feito a plantas angolanas e a ecologia, na Universidade Técnica de Lisboa, tendo concluído em 1997. A pesquisa foi feita em espécies, na Zona da Huila, Luanda, Bengo, Cuanza Sul e Huambo com a co-orientação da Professora Dalila do Espírito Santo. Obteve o Doutoramento com distinção, findo o qual, recebeu inúmeros convites para permanecer em Portugal. Preferiu regressar, tendo reassumindo a função de professora Assistente de Biologia Vegetal. Pouco depois, ascende ao cargo de vice-directora da Faculdade de Ciências e Responsável/Coordenadora do Herbário de Luanda.
A inclinação política sempre esteve presente, muito influenciada pelos irmãos mais velhos, numa primeira fase, e mais tarde, pelos nacionalistas, dos quais absorveu a forte convicção libertária da altura. A actividade política iniciou muito cedo, só interrompida por questões de âmbito acadêmico. Em Portugal, esteve envolvida no associativismo juvenil e estudantil. De regresso ao país, retomou a vida política, tendo reintegrado a Organização da Mulher Angolana (OMA) do Rangel desde 1982 e, mais tarde, no Partido MPLA por via da célula da Faculdade de Ciências. Algum tempo depois, tornou-se membro do Comité Comunal e Municipal do Rangel, de onde passaria a membro do Comité Municipal de Luanda e, seguidamente, para membro do Comité Provincial de Luanda. Degrau a degrau, chegou ao Comité Central (CC) do MPLA (lista de suplentes), até à entrada no Bureau Político (BP). Antes de partir a Lisboa, onde faria estágio, mestrado e doutoramento, já integrava a Organização da Mulher Angolana, isto, em 1982, no Rangel, após ter passado pela JMPLA do Bairro Indígena, na altura “J do São Paulo”, onde conheceria o colega de militância, na altura, membro da J do Cubaza com quem casou e está até hoje.
Vice-directora dos Assuntos Científicos e, mais tarde, em 2002, vice-reitora para a Expansão Universitária da Universidade Agostinho Neto (até 2007), desenvolveu um intenso trabalho para a promoção da investigação científica com ajuda de referenciados acadêmicos. Mais tarde, faria parte do Colégio Reitoral da Universidade Agostinho Neto, na qualidade de vice-reitora para a expansão universitária, cujo papel era a coordenação da expansão do ensino nas várias regiões do país e conseguir uma investigação científica com grande impacto na qualidade de ensino, no desenvolvimento socioeconómico do país e na resposta aos programas de desenvolvimento do Governo.
Academicamente, é defensora de um modelo de investigação científica que impulsione o desenvolvimento do sistema, da segurança e da soberania alimentar, bem como do crescimento do empreendedorismo e do empresariado nacional.
Na qualidade de Vice-reitora para a Expansão do Ensino Superior (2007-2010), coordenou o programa de expansão do ensino superior para as demais províncias do país, numa altura em que a missão estava adstrita à Universidade Agostinho Neto. Trabalhou na reinstalação da Faculdade de Ciências Agrárias (Chianga-Huambo), reinaugurada em 2004. O grupo de trabalho por si coordenado e que integrava vários colegas do Colégio Reitoral da UAN, entre os quais, o Dr. Carlos Diakanawa, restabeleceu também o curso de medicina e, mais tarde, a Faculdade de Medicina, hoje Universidade José Eduardo dos Santos, na província do Huambo. Esteve na base da criação da Universidade Mandume Ya Ndemofayo (Huila); Escola Superior de Ciência e Tecnologia de Saurimo (Lunda Sul); Escola Superior Pedagógica (Lunda Norte); Polo Universitário do Namibe e a Escola Superior de Tecnologia e a Faculdade de Medicina (Cabinda) e, mais recentemente, até 2016, a Academia de Pescas e do Mar do Namibe. Todo o movimento de expansão deu origem à Secretaria de Estado para o Ensino Superior, tendo assumido a pasta de Directora Nacional para o Ensino Superior, o que permitiu a sua larga participação no processo de criação das novas universidades nas várias regiões do país.
Com o programa de expansão quase consolidado, hoje é defensora de que a comunidade acadêmica escreva a história e documente a origem e o progresso do ensino superior, nas províncias do Huambo, da Huila, do Namibe para que a comunidade académica conheça os esforços empreendidos pelo Governo na criação destas instituições com vista a garantir formação diferenciada e a alargar a participação da juventude no processo de desenvolvimento do país. Ainda a trabalhar no desenvolvimento do ensino superior, assume entre 2010-2020 o cargo de directora do Centro de Botânica da Universidade Agostinho Neto. É nomeada Secretária de Estado para as Pescas pelo Presidente da República, João Lourenço, em 2020.
Com ávida paixão pela biodiversidade, ocupa os tempos livres a semear e a testar culturas novas, a plantar determinadas espécies e a ver crescer, cuidar e proteger. Continua a fazer advocacia pela protecção e preservação dos mangais, vegetação que joga um grande papel na defesa da orla costeira, na nidificação das várias espécies de peixes, de crustáceos e até de aves, sendo fundamental, no quadro da preparação dos países para a adaptação às alterações climáticas. Costura nos tempos livres, principalmente para estabelecer tempo de qualidade com os netos. Dedica-se à leitura dirigida, mais voltada à área da Biodiversidade, Bioeconomia e Sociologia, embora os novos tempos levam-na a reorientar-se para a exploração de temas sobre política e gestão.
É, igualmente, autora de dezenas de artigos publicados em revistas científicas e especializadas de nível internacional. E antes de ser eleita Vice-Presidente da República, Esperança da Costa assumiu cargos em instituições de estudo e preservação da biodiversidade, entre os quais se destacam:
Preencha o formulário abaixo e subscreva a nossa Newsletter.